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A Mediação Mediada Pelo Corpo (MMC) na Mediação Judicial

1 de dez. de 2024

A Mediação Mediada Pelo Corpo (MMC) na Mediação Judicial


A mediação mediada pelo corpo (MMC) é uma nova metodologia com intervenção não verbal, que vem sendo vem sendo testada e desenvolvida durante as audiências de conciliação/mediação judiciais na área da família (pré-processual) e área cível (processual) do Tribunal de Justiça de São Paulo.

A aplicação do método pela autora, vem se dando desde 2012, em inúmeros casos cíveis e familiares, de modo aleatório, conforme a necessidade dos envolvidos. As técnicas são aplicadas em diferentes etapas do processo, desde a inicial, como aquecimento, e nas seguintes sobretudo quando se expressam os sentimentos e interesses reais (conflitos latentes) e com a concordância das pessoas envolvidas.

Foi possível desenvolver e sistematizar esta pesquisa na conciliação e mediação, a qual foi autorizada pelo juiz coordenador do CEJUSC Central Dr. Ricardo Pereira Júnior. Este estudo experimental é uma tentativa de desenvolver um diálogo com o jurídico e entender como funcionam as ferramentas somáticas apoiadas nas descobertas de neurocientistas sobre a autorregulação do sistema nervoso autônomo (Porges, 2012).

O objetivo principal desta pesquisa é explorar o processo de comunicação não verbal na mediação judicial, ou seja, a voz sem palavras do corpo e os não ditos do sentido de modo a restabelecer e restaurar de forma ágil o processo de comunicação entre os mediandos.

Os objetivos específicos são promover a autorregulação fisiológica, emocional e comportamental do organismo individual e grupal no processo de mediação; propiciar uma autêntica e efetiva comunicação verbal na mediação através da consciência das sensações corporais e desbloqueio das emoções, pensamentos e sentimentos e desenvolver instrumento eficaz para a escuta ativa e para a comunicação assertiva e empática no processo de mediação.

A metodologia MMC baseia-se nos seguintes postulados:

1. Cerca de 93% da comunicação humana é comunicação não verbal;

2. Há uma comunicação dinâmica de duas vias entre mente e corpo;

3. O corpo é autor regulador, conhecedor de si mesmo;

4. Há uma capacidade inata de recuperação do organismo;

5. Para a transformação dos conflitos há de se caminhar até as raízes das insatisfações e conflitos que estão assentadas no corpo;

6. A ressonância às emoções e sensações do outro é principalmente não verbal por meio da postura e das emoções expressivas;

7. O verdadeiro trabalho restaurador requer processamento de “baixo para cima” - fala corporal, emoção, percepção e por último, cognição (e não como mormente utilizado de “cima para baixo” através das falas verbais, do pensamento, do intelecto);

8. O empoderamento das sensações físicas e sentimentos e o reconhecimento das emoções e desejos do outro mediante a ressonância somática funcionam como gatilhos para a abertura de uma comunicação verbal espontânea, direta e autêntica;

9. Para o desenvolvimento do protagonismo e exercício genuíno da autonomia da vontade é necessário o desaprisionamento do corpo, dos sentimentos, pensamentos, emoções e desejos;

10. A saída da posição de ataque, luta (agressiva) e fuga (passiva) para a assertiva (adequada comunicação verbal e não verbal) é alcançada através da regulação dos estados fisiológicos.

Para tanto, utilizam-se ferramentas somáticas para o restabelecimento da comunicação/interação social, técnicas corporais integrativas sutis, resultantes da associação do Método de Levine (2012) e Método de Sándor (1974).

Ambos os métodos corporais foram adaptados para a regulação do sistema

nervoso na solução de conflitos no ambiente jurídico.

A Mediação Mediada pelo Corpo (MMC) realiza-se através do mapeamento do corpo segundo o modelo básico de Levine, e da integração fisiopsíquica proposta por Sándor. Para a realização das intervenções não verbais é construído um ambiente seguro e confiável, que acolhe o sujeito. As narrativas do corpo são facultadas pelo processo de observação sutil e ressonância somática, ferramentas de ambos os modelos, conforme demonstrado no diagrama abaixo:

As técnicas corporais sutis integrativas de Levine (2012)3 e Sándor (1974) são aplicadas nos mediandos e advogados com o objetivo principal de escanear o corpo e identificar lugar seguro e, para o mediador, o foco é a aprendizagem da autorregulação de seu sistema nervoso.

Este processo ocorre mediante a neurocepção, o engajamento social, viabilizado pelo vínculo face/coração, uma experiência neuroafetiva que permite a experiência de segurança, a autorregulação, liberando cargas excessivas (simpáticas, parassimpáticas ou ambas), voltando à homeostase (PORGES, 2012).

O rosto é um elemento chave no cérebro - circuito face-coração -, os gestos faciais e vocalizações associadas à comunicação social podem influenciar nossos estados fisiológicos e a resposta de luta e fuga. No contexto de negociação e mediação, as pessoas são extremamente sensíveis às expressões faciais. Temos observado que nas sessões de mediação em ambiente virtual, o rosto nos oferece a melhor janela para a regulação neurofisiológica. Daí a importância da autorregulação do mediador.

As técnicas para os mediandos e advogados são:

1. Exercício de observação do corpo;

2. Exercício de observação do ritmo da respiração;

3. Exercício de observação dos pontos de apoio do corpo na posição sentada;

4. Trabalho com a respiração;

5. Autotoque;

6. Exercícios de relaxação facial;

7. Movimento das articulações.

Para o mediador:

1. Modulação da voz;

2. Olho no olho;

3. Presença corporal;

4. Postura corporal receptiva;

5. Toque integrativo sutil nos mediandos (mãos e ombros);

6. Toques de reajustamento dos pontos de apoio;

7. Observação dos sinais corporais dos mediandos e advogados.

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